A bunda que engraçada 1930 -O AMOR NATURAL
A bunda ,que engraçada.
Está sempre sorrindo,nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais?Talvez os seios.
ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio.Anda por si
na cadência mimosa,no milagre
de ser duas em uma,plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se.Montanhas
avolumam-se,descem.ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda.vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
Carlos Drummond de Andrade
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