segunda-feira, 22 de março de 2010

gavetas


Nesta obra que se chama "Girafa em chamas" Dali ao meu ver mergulhou no inconsciente coletivo e individual de cada um. O absurdo de uma girafa pegar fogo e não se mover como se fizesse parte do pó.No livro de ''Cathrin klingsohr-leroy'' a girafa pode significar um 'simbolo do absurdo da existencia humana no mundo moderno''.As gavetas que saem de um corpo humano envelhecido transitam e transparecem o que é a sociedade,como tambem as muletas que aparecem nesse corpo raquítico e envelhecido,em que o corpo precisa delas e é co-dependente delas. Um corpo doente precisa desses imediatismos(muletas para subexistir)talvez isso seja uma ferrenha crítica a uma sociedade doente em seus princípios.As muletas talvez signifiquem,(digo talvez pois a obra é demasiada subjetiva para ser definida em conceitos),consumismos,religião,valores,regras,padrões e outros ismos,essas estruturas podem estar nas gavetas.Lá estão.. é só abrir a gaveta e achar(mas ao mesmo tempo,o mistério do que contém lá dentro instiga os reconditos da nossa mente)o que poderá haver na mente das pessoas? é o que contem as gavetas?e tirar o que se quer de dentro pode significar a perda da liberdade do homem?,todo seu mistério e misticismo?....Dali era intrigante, irreverente,genial e sim surreal as pampas,o mistério do que pode conter as gavetas se agiganta nos nossos subconscientes,além das gavetas,muletas vale salientar de novo vemos a façanha da girafa em toda sua estratosfera pegando fogo....beauuuuuuuuutifullllllllll.....surreal...

Na obra "A persistência da memória"em primeiro plano vemos tres relógios moles,um dourado e dois prateados,de aparencia mole,um deles se achega a um caracol,outro se pendura a um ramo de árvore sem folhas e o terceiro pendurado na extremidade da secção projetada da parede.ao fundo uma piscina sobreposta e escarpas rochosas.O unico relógio que parece se manter em estado normal,parece estar sendo devorado pelas formigas. De cara percebemos que estamos em outro tempo e em outra hora,nessa obra,fora do tempo cronológico, o tempo parece fugir,sumir,ser carcomido,....o tempo parece devastado, o relógio dependurado na arvore esquelética podem ser premonições da aproximação da morte.....em suas memórias Dalí conta de forma extensa como começou a existir e afirma que "seu significado enigmático e conteúdo inconsciente estavam escondidos até mesmo para ele"pg38,Surrealismo,Leroy Cathrin Klingsohr.
"Em "A vida secreta da Salvador Dalí" ele descreve como,após um jantar que terminou com um Camembert muito suave,continuou sozinho à mesa a contemplar o queijo e a ponderar o problema filosófico da "super moleza".Como era seu hábito,voltou ao seu estúdio para observar uma última vez a pintura na qual estava a trabalhar nessa altura. Tratava-se de uma paisagem perto de Port Lligat. Os penhascos encontram-se sob um crepúsculo transparente e melancólico e no primeiro plano encontra-se uma oliveira,com os ramos cortados e sem folhas. Ele sabia que a paisagem atmosférica que tinha conseguido criar serviria de fundo ara uma pintura espantosa,mas ele não fazia a mais vaga idéia o que iria ser. Quando foi apagar a luz,"viu" subitamente a solução-três relógios moles,um deles lastimosamente pendurado no ramo da oliveira.Embora sofrendo de uma dolorosa dor de cabeça preparou avidamente sua paleta e começou a trabalhar"pg 38,Surrealismo,Leroy,Cathrin Klingsohr.

''Os relógios moles são algo diferente do paranóico-crítico,tenro,extravagante camembert abandonado pelo tempo e espaço"Salvador Dalí.

"Eu penso que sou,naquilo que crio,um pintor muito medíocre.O que eu considero brilhante é a minha visão,não o que realmente crio." Salvador Dali

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